- Cap4-
Eu juro que meu coração falhou uma batida... Mas do mesmo modo que falhou, disparou a bater como uma escola de samba. Não deu para conter meu sorriso.
Enquanto corria de encontro ao meu anjo...
- BELLA! – Com um grito e um impulso, peguei-a no colo e girei com um abraço forte. Ela está de volta, eu não acredito. – Por onde tem andado, louca?
- Olá Jacob. – Parece que ela também ficou feliz em me ver, dando um meio sorriso de canto de boca. No mesmo momento em que seus olhos fitavam o chão e me olhava sem graça por vir até mim. Será que exagerei na recepção? O que ela estaria aprontando desta vez?
- Como descobriu onde é minha casa? Nunca te vi por aqui. – Agora o sorriso sumiu de vez. Droga Jacob, o que está fazendo? O que importa é sua presença.
- Bom, cheguei em má hora? Eu posso voltar outra hora se quiser, eu... – dando um passo para trás como se voltasse para sua picape, me apressei em tranquilizá-la.
- Não Bella, fique! Só foi uma surpresa em te ver. E estou adorando esta surpresa. O que te trás aqui? – enquanto, sem jeito, a segurei pelo braço. Assim que ela estranhou minha reação, a soltei no mesmo instante, com um rosto indecifrável.
- Eu... Err... Trouxe algumas coisas para você... Ou melhor, para que, se puder, me ajude. – Enquanto abria a caçamba e descobria aquelas duas máquinas, que um dia foram mortais, mas que no momento não passavam de ferro-velho.
- UAUUU! Não precisava me trazer sucatas. – Ela realmente quis me ajudar me trazendo essas peças? Desde quando ela se interessou por motos? Ou quando achou que elas me ajudariam?
- Não sei como começar. Eu encontrei essas motos enquanto passava na frente da casa de um colega da escola, e ele estava se desfazendo delas. Achei que mandar essas máquinas para o conserto ficaria mais caro do que elas realmente valem, então, achei que se um amigo mecânico me ajudasse... – Ah... Então era isso, eu, AMIGO mecânico... Ela quer reviver estes brinquedos mortais. Para que isto agora? Fiquei com uma cara de preocupado, mas não deixei que ela continuasse.
- Eu, um tipo de amigo mecânico. Desde quando se interessa por motos?
- Desde agora! – Com um sussurro quase inaudível e com uma expressão de dor ou de indecisão me respondeu prontamente.
- Ah. – Fiquei sem palavras para aquela loucura. O que ela está pensando afinal?
- Você pode achar que isso é uma grande loucura irresponsável, eu entendo, mas...
- Realmente, é uma grande loucura irresponsável – Não consegui esconder meu desapontamento e ela percebeu, fitando o chão com tristeza nos olhos, mas se eu responder que não, ela vai embora, vai procurar outra pessoa que a conserte, então... – Quando começaremos a montar?
Ela se surpreendeu com minha resposta, me deu seu sorriso mais lindo, e finalmente vi brilho em seu olhar, como senão acreditasse que eu pudesse concordar com tal fato, o que eu poderia fazer se eu apenas queria a companhia dela, preciso conquistar a confiança dela e tentar tirar essa loucura da cabeça dela, mas vamos por partes.
- Agora, se não houver problema, por favor.
- Ok! – Fui para a caçamba acabar de descobrir as motos e retirá-las de lá.
- Tome cuidado Jacob, essas motos são realmente muito pesadas! – Mas antes que ela acabasse de falar, já havia colocado uma no chão. Dei um tempo olhando sua reação e gostei do que vi, ela realmente ficou espantada e maravilhada com meu desenvolvimento.
- Desde quando ficou tão... Musculoso? Não tem apenas 16 anos? Como isso aconteceu?
Aproveitei este momento, sorri para sua dúvida.
- Idade é apenas um número Bella. Com quantos anos você está agora, 40? – Pelo menos esta é a idade que ela aparenta. Preciso tirar ela desta depressão.
- É como eu me sinto, às vezes. – Se depender de mim, não deixarei que ela se sinta assim em minha companhia.
Assim que chegamos ao galpão comecei o desmanche. Conversamos sobre a escola, sobre meus amigos, Quil e Embry. Tentei deixá-la o mais a vontade possível. Ela ouvia atentamente a tudo que eu falava, respondia ora sim, ora não. Eu não queria dar margem para que ela ficasse pensativa, distante, triste. Tentei entretê-la e no meio do dia, eis que chega visita.
- Jacob? – Gritou alguém. Senti meu rosto pegar fogo, provavelmente estava com minhas bochechas coradas, que droga, eles não deviam ter aparecido justo agora. Já havia falado muito de Bella para meus amigos.
- É o Billy? – Questionou preocupada, tentando se esconder, que ele descobrisse sobre essas motos e contasse para Charlie.
- Não. – Cabisbaixo continuei. – E por falar no diabo, aparece o capeta.
Esperamos por um curso silencio até que dois rapazes altos e morenos apontaram na porta, meio aberta, do galpão.
Quando perceberam Bella no galpão, automaticamente pararam. Quil, de cabelos curtos, um pouco mais baixo que eu, porém mais musculoso que Quil, estava de camiseta branca e suja no tórax, que ele alegremente estufou para se mostrar para a nova visita do galpão, dei um meio sorriso e revirar de olhos de decepção enquanto ele não tirava os olhos de Bella. Já o Embry, que revezava os olhos entre Bella e eu, era da minha estatura, mas com os músculos menos desenvolvidos e cabelos longos e pretos.
- Olá, rapazes – Com uma expressão não muito solícita iniciei o diálogo.
- Oi, Jake – Sem tirar os olhos de Bella, e com um sorriso bem malicioso. Quando Bella sorriu de volta, sem graça, ele fez questão de piscar para ela. ARG! O que ele pensa que está fazendo? – Oi, e ai?
Antes que ela respondesse, me adiantei a apresentá-los.
- Quil, Embry... Esta é minha amiga Bella.
Estendendo sua mão para cumprimentá-la, e sem nenhum esforço de disfarçar seu interesse...
- Sou Quil Alteara, a filha de Charlie, não é?
- Isso mesmo. – Com um sorriso sem graça, respondeu, desviando os olhos dele para mim enquanto eu o encarava com decepção. – Prazer em conhecê-los. – Agora passou os olhos para Embry, para incluí-lo nesta apresentação pouco confortável.
- Oi, Bella. Eu sou o Embry, Embry Call... Mas você já deve ter deduzido isso. – Embry deu um sorriso cauteloso e acenou, colocando as mãos no bolso.
Bella assentiu com a cabeça, percebendo seu jeito tímido.
Ainda olhando para Bella, Quil perguntou – O que estão fazendo? – Ah, se eu pudesse eu o enforcaria neste momento. Ele já não sabe do meu interesse por ela? ARG!
- Bella e eu vamos consertar essas motos – Apontei para moto que eu estava desmontando e para outra que estava encostada na lateral do galpão.
Agora sim os olhos de Quil desviaram pra mim. Motos era um assinto que interessava muito os garotos. Neste minuto nos aprofundamos nos defeitos e qualidades dessas máquinas, revezando entre qual a atual situação delas e como ficariam consertadas.
Bella se aconchegou um pouco atrás de nós, encostada no Rabbit, tentando prestar atenção no que falávamos. Percebi algumas caretas de desentendimento que ela fazia entre um assunto ou outro.
Quando eu menos esperava Bella nos avisou que precisava ir pra casa.
- Estamos chateando você, não é? – Com meu melhor olhar de desculpas, tentei fazer com que ficasse.
- Não, preciso mesmo ir para casa, preciso fazer o jantar para Charlie.
- Ah... – Um pouco desapontado, porque os meninos me ocuparam em vez de eu ter aproveitado o momento com Bella, mas continuei. – Bom, vou terminar de desmontar as duas hoje à noite e ver de que vamos precisar para começar a restaurá-las. Quando vai querer trabalhar nelas de novo? – Com um pouco de ansiedade na minha ultima pergunta.
- Eu não disse que você e Billy iriam se cansar de me ver por aqui? Posso voltar amanha se não houver nada de mais importante. – Com o meio sorriso que eu mais gosto e envergonhada de se convidar, me prontifiquei a deixá-la tranqüila com meu melhor sorriso, enquanto os garotos nos olhavam com cautela.
- Seria ótimo!
- Se fizer uma lista do que precisaremos, podemos comprar amanhã! – Agora quem ficou cabisbaixo foi eu. Não posso deixar que ela gaste dinheiro com as motos sem minha ajuda.
- Ainda não concordo com deixar você pagar tudo – Fitei o chão, brincando com a chave inglesa na minha mão.
- Jake, nós já conversamos sobre isso. Se eu levasse para um mecânico qualquer consertá-las, quanto ele cobraria? Além do que, eu precisarei de aulas de direção, esqueceu? – Como se ela explicasse para uma criança, foi falando tudo com calma, para que eu entendesse. – Então, estou bancando a festa. Você só tem que entrar com a mão-de-obra, o conhecimento e sua companhia. O que acha?
Os meninos olharam espantados com sua pequena explicação, e mais espantados ainda quando ela pediu minha companhia. Eu fiquei radiante. Era tudo que eu mais queria. Não sei se ela fez isso para mostrar para Quil que era de mim que ela precisava, ou se foi para me convencer a aceitar que ela pagasse tudo, mas tanto faz, fiquei feliz do mesmo jeito.
- Tudo bem, temos um acordo.
Quil deu um sorriso largo para Embry e cochichou algo que não queria que eu escutasse, mas engano dele. Ouvi claramente sua provocação.
- “Acho que agora que o Jake não dorme a noite, ele ta caidinho na dela!”
Dei-lhe um tapa na cabeça, em seguida os empurrei para fora do galpão.
- Já chega, saiam.
Mas antes que eu conseguisse colocá-los para fora, Bella nos interrompeu.
- Não, eu tenho que ir mesmo, amanha agente se vê Jacob. – Sorriu simpática para os dois enquanto andava nos ultrapassava para fora do galpão.
Assim que Bella ficou fora de vista, tratei de chamar a atenção dos dois.
- Se vocês colocarem um dedo que seja no meu terreno amanhã, não sobrará um dente para que fiquem rindo como bobos alegres na presença dela.
Ouvimos um risinho abafado do lado de fora. Que droga, acho que ela ouviu este meu pequeno desabafo. Meu rosto queimou instantaneamente. Será que ela vai voltar mesmo amanha?
- Fora os dois. Agora. – Antes que eles pudessem rir de minha reação, fechei o galpão, assim que ouvi a picape se afastar de casa.
Continuei desmontando as motos. Depois de três horas eu tinha a lista pronta dos itens que iríamos precisar.
Billy já havia me gritado duas vezes para que eu fosse jantar, mas eu não pararia antes de deixar tudo pronto para amanhã.
Antes de entrar em casa, dobrei a lista e coloquei no bolso da calça jeans para que meu pai não visse e desconfiasse de nada. Não poderia arriscar as visitas de Bella justo agora.
Entrei em casa, que estava toda escura. Acho que Billy já foi para o quarto. Foi até a cozinha afim de encontrar algo para comer, e estava lá, meu prato pronto, somente para esquentá-lo e comer. E foi o que eu fiz.
Quando cheguei no meu quarto para dormir, me bateu um desespero de que Bella não voltasse mais. Parecia até que estava com febre. Automaticamente meu corpo ferveu com essa possibilidade.
Preciso tomar um banho, preciso relaxar. E assim que deixei a água gelada cair no meu corpo, automaticamente relaxei. Fiquei durante uns 30 minutos pensando de baixo do chuveiro.
Assim que encostei a cabeça no travesseiro, meus olhos pesaram. Não sabia que estava tão cansado. Em meio aos meus pensamentos e dúvidas da vinda de Bella amanha, cai no sono.
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